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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

MULHERES NA HISTORIOGRAFIA




"Agora que já vimos como se deu a introdução da Mulher na Historiografia através do artigo ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA (Eliazar Lopes Damasceno¹ Eliseu dos Santos Lima²), onde estudamos por tópicos veremos a seguir um interessante artigo sobre MULHERES NA HISTORIOGRAFIA, por Vania da Silva Fontes Santos e Maria da Piedade Santos Oliveira, que tem por objetivo mostrar como se deu o desenvolvimento da história das mulheres juntamente com seu processo de evolução no meio acadêmico, além de mostrar a trajetória do tema “Mulher” na historiografia brasileira."


 
Para Rachel Soihet o desenvolvimento de novos campos como a história das mentalidades e a história cultural promovido pela Escola dos Annales, surgida em 1929, gerou uma grande reviravolta da história nas últimas décadas. A partir daí começou a se debruçar sobre temáticas e grupos sociais até então excluídos historicamente, como os operários, camponeses, escravos, pluralizando-se os objetos de investigação histórica. É mais precisamente em 1970 com a terceira geração dos Annales que as mulheres também são incluídas como campo de estudo transformando-se em objeto e sujeito da história.
Entretanto, é através do movimento feminista que teve início como ideologia política no século XIX, mas que só se expandiu nos anos 60 através das reivindicações das mulheres e dos movimentos políticos, que a história das mulheres ganha espaço e se consolida no meio acadêmico. Afirma Mary Del Priore que foram as feministas que fizeram a história das mulheres antes dos historiadores criando as bases para uma história das mulheres realizada por historiadores.
A feminização nas universidades foi outro fator que contribuiu para as pesquisas sobre as mulheres, onde elas procuraram investigar sobre si próprias, fazendo questionamentos, procurando descobrir a sua própria realidade para evidenciar que as mulheres têm uma história.
Segundo Michele Perrot um dos raríssimos historiadores a escrever sobre as mulheres no século XIX foi Michelet, sendo muito importante sua contribuição nesta área, pois assumia uma postura sensível diante desta, fato não muito comum na época, já que a história estava muito ligada ao positivismo, corrente historiográfica que se limitava a registrar os grandes acontecimentos e os grandes homens.
Em seus escritos ele enxergava a natureza feminina como possuidora de dois vieses, sendo por um lado, maternal e benéfica, a da esposa e mãe, e por outro, demoníaca e maléfica, quanto se aproximava de outras representações da mulher, como Eva ou a feiticeira. Ele demonstrou isso em diversas fases da história da França.
Para Mariana Amorim nessa época a mulher é encoberta por imagens ideais, por mitos e estereótipos, sendo mascarada na historiografia. Ora elas são loucas, destruidoras das rotinas familiares, ora estas são doces, passivas, amorosas, quietas. Enfim, a história das mulheres aparece dentro de uma simbologia congelada, imobilizada nos costumes, simplificando assim, a complexidade da realidade histórica.
No entanto, a história das Mulheres só se constituiu como campo definível de estudo no século XX, especialmente nos anos 60, sendo importante frisar que nessa época esta assumiu uma perspectiva política devido à estreita relação com o movimento feminista. Mas nos anos 70 essa história se afastou mais da política e a produção historiográfica feminina foi marcada pela influência marxista e o mundo do trabalho, sendo que somente nos anos 80 esse campo ganhou o seu próprio espaço, desviando para o gênero, saindo da política para a história especializada e daí para a análise.
De acordo com Soihet e Pedro a categoria gênero passou a ser bastante abordada na História das Mulheres, pois esse termo quer estabelecer que as mulheres têm uma história separada da dos homens. Outra concepção de gênero quer apontar e modificar as desigualdades entre os homens e as mulheres, focalizando não somente as relações entre ambos, mas também entre os homens e entre as mulheres. O homem passou a não ter mais caráter universal, pois o sujeito da história agora incluía homens e mulheres e passou-se a desacreditar numa identidade única entre as mulheres e a conceber a existência de múltiplas identidades.
Constata Soihet que as primeiras abordagens no Brasil sobre a família e os papéis femininos devem-se a Gilberto Freire; mas as análises do autor mostram as mulheres brancas do século XIX como submissas, embora fique evidente o seu poder revelado nos maus tratos que estas aplicavam às escravas suspeitas de atrair a atenção dos seus maridos. Soihet (1997, p.293) afirma que:
...Pesquisas recentes têm relativizado a sujeição feminina, ao trazer à tona algumas de suas rebeldias e transgressões. Mulheres assumiam o mando da casa, gerindo negócios e propriedades. Por outro lado, após a década de 1970, estudos demonstram diversas formas de organização familiar entre os diferentes segmentos sociais_ no início do século XIX, a família patriarcal não chegava a representar 26% dos domicílios...
No entanto nos alerta Tânia Silva que no Brasil as narrativas históricas sobre as mulheres se consolidaram mesmo nos anos 80 e foram centradas no período colonial através de relatos de viajantes, de processos civis e criminais e da iconografia, abordando-se a senhora de engenho e a escrava, ficando ainda muito distante de destacar as resistências que as mulheres enfrentaram ao longo do tempo e das suas posições como chefes de famílias e dirigentes de negócios.
Daí por diante várias escritoras brasileiras se enveredaram por esse caminho e escreveram diversas obras sobre as mulheres do século XIX. É considerada pioneira na historiografia brasileira Maria Odila Leite da Silva Dias, com o livro "Quotidiano e Poder em São Paulo no século XIX". Também podem ser citados "Do cabaré ao Lar" de Margareth Rago, que trata da participação da mulher operária no século XIX e suas opressões, publicado em 1985; "A condição feminina no Rio de Janeiro, século XIX: antologia de textos de viajantes estrangeiros", de Miriam Moreira Leite, publicado em 1984. Em 1989 esse quadro se ampliou e diversas autoras publicaram muitas obras referentes às mulheres como Marta de Abreu Esteves em "Meninas Perdidas: os populares e o cotidiano do amor no Rio de Janeiro da Belle Époque"; Raquel Soihet em "Condições Femininas e formas de violência: mulheres pobres e ordem urbana, 1980-1920"; Eni de Mesquita Samara, com "As mulheres, o poder e a família: São Paulo século XIX"; Magali Engel, com "Meretrizes e doutores: saber médico e prostituição no Rio de Janeiro".
Mas foi somente em 1990 com a publicação de um artigo de Joan Scott intitulado Gênero: uma categoria útil de análise histórica da Revista Educação e Realidade que as pesquisas no Brasil começaram a ser abordadas através da perspectiva de gênero.
Assumindo essa linha merece ser citada a obra de Mary Del Priore "História das Mulheres no Brasil", publicada em 1997. A obra resgata a participação feminina na construção da história do Brasil abordando as diversas fases dessa história: a Colônia, o Império e a República, inserindo nesse contexto como as mulheres viviam, retratando desde a mulher índia, a burguesa, a pobre, a prostituta, enfatizando a questão da família, da sexualidade, do casamento, da educação, do trabalho, do cotidiano e as lutas das mulheres em uma sociedade moralista e machista, chegando à mulher atual que conquistou o seu lugar na sociedade, mas que tem ainda muito por fazer.
Saindo do âmbito brasileiro Michele Perrot é uma das historiadoras que busca evidenciar a questão do gênero, haja vista, em seus estudos mostra outra concepção da mulher substituindo a vítima, a humilhada e oprimida por uma mulher rebelde, ativa e resistente, desmistificando a visão das mulheres do século xix como insignificantes e frágeis.
Sendo considerada uma das pioneiras desses estudos na França, a historiadora deu uma contribuição imensa à História das Mulheres escrevendo "Minha História das Mulheres" publicada em 2006 na França e em 2007 no Brasil. Através desta ela quer mostrar que as mulheres têm uma história, destruindo a idéia incorporada pela própria mulher de que a sua existência é sem importância, retratando como se deu a ruptura desse silêncio e o nascimento desse campo de pesquisa. Ela aborda todas as questões do cotidiano da mulher: maternidade, violência, sexualidade, casamento, lutas por direitos, conquistas dos espaços público e privado até as condições femininas nos dias atuais.
É importante ressaltar que para construir esses estudos foi preciso recorrer a novas fontes em arquivos particulares como fotografias, cartas, diários, registros de memória, história oral, documentos policiais, emergindo assim outra mulher, menos submissa ao homem, menos recolhida ao lar, mulheres que lutavam pela sua sobrevivência e reivindicavam por seus direitos, desmistificando a idéia de que a mulher era frágil e passiva.
Foi necessário aos historiadores lançar mão da criatividade para se alcançar pistas que conduzissem a novos campos de pesquisa. Embutidos da nova renovação teórica dos estudos históricos e acompanhados de novos métodos e técnicas, estes tiveram a possibilidade de alcançar tempos mais próximos e desenvolver estudos importantes que permitiram uma reviravolta na historiografia das mulheres, possibilitando a todos uma nova visão sobre tal tema.


ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA (CONSIDERAÇÕES FINAIS)



*   ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA (CONSIDERAÇÕES FINAIS)
Por: Eliazar Lopes Damasceno¹ Eliseu dos Santos Lima²



 A idéia central que permeou o presente artigo durante a sua construção foi justamente a de tentar mostrar de forma clara como se desenvolveram as três gerações da Escola dos Annales e quais as influencias que elas tiveram para a inserção da mulher na historiografia. Além disso, discutimos sobre as mudanças que ocorreram provocadas também pelas idéias desta escola, referente à forma de escrever as narrativas dos fatos. Esperamos que este artigo sirva para que as pessoas interessadas em conhecer essa corrente historiográfica possam compreender o quanto ela foi influente diante de mudanças importantes que são perceptíveis hoje no nosso dia-a-dia.

ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA (3º tópico)



*        3º tópico: A MULHER COMO OBJETO DE ESTUDO DA HISTORIOGRAFIA

Por: Eliazar Lopes Damasceno¹ Eliseu dos Santos Lima²


Reconhecer a importância da mulher no desenvolvimento das sociedades talvez seja a idéia que melhor expresse a necessidade da introdução e do seu uso como objeto de estudo no campo historiográfico. Desde tempos remotos vemos que, aqueles que faziam o uso da escrita da história utilizavam de preferência á comunidade masculina como fator primário de suas obras, e por que não falar das civilizações antigas que deixavam a mulher como produto secundário nos trabalhos sociais, na religião e suas práticas; cada civilização com sua "cegueira" moral. A mulher desde antes foi motivo de gracejo e desprezo. Na cultura judaica encontramos a seguinte oração feita por um homem: "Bendito sejas Tu, Eterno, nosso Deus, Rei do Universo que não me fizeste mulher"**. Esta era a oração matinal do homem judeu, fazia parte da sua cultura, sendo motivo de agradecer a Deus. Já para os gregos, inclusive os filósofos que também foram influenciados por este pensamento machista, era motivo de agradecer ao destino por não ter nascido mulher. Contudo barreiras foram quebradas com o passar dos séculos, novos conceitos surgiram e alguns fatores contribuíram para a mulher surgir no campo da história.
Para ter o seu nome inserido nos livros de história e qualquer outro tipo de documento, a classe feminina precisou de alguém que pudesse vê-la como um grande objeto de estudo e que este tivesse uma visão ampla dos fatos que acontecia. Além disso, o historiador que fosse fazer o uso da escrita deveria se desprender de qualquer sentimento de machismo ou tipo de atitude de discriminação e de preconceito em suas diversas áreas e especialmente na social. Como também, não ser um historiador exclusivista quanto aos fatos, pessoas etc. Podemos dizer que dentre outras muitas características do perfil desse historiador, essas seriam suas principais qualidades.
A historiografia e os que faziam o uso da escrita da historia, anteriores ao século XIX, assumiam uma postura e se enquadravam a tudo que é de contrario a esse perfil traçado. Fazendo uma breve analise das correntes historiográficas da época, vamos compreender que os historiadores que compunham aquelas correntes deixavam transparecer uma visível discriminação. Este termo refere-se basicamente a um tratamento desigual ou injusto por parte de uma pessoa com relação a um grupo religioso, étnico, social, cultural, sexual etc. Quando passamos a analisar as correntes historiográficas anteriores e posteriores aos Annales vamos entender que esse pensamento permeava a mente dos historiadores da época. Como não citar o exemplo da historia positivista, que tem suas raízes "nos séculos XVI, XVII e XIII com Bacon, Hobbes e Hume" (TRIVINOS, 2007:33) e ganha força no "século XIX com August comte" (TRIVINOS, 2007:33). Esta corrente tinha um grande interesse pelos fatos políticos e por aqueles que exerciam certo domínio publico, privilegiava os fatos marcantes dos quais as mulheres não participavam, excluindo e discriminando a classe feminina. A outra corrente conhecida como marxista, criada por volta do século XIII por Carl Marx baseava-se em questões políticas, sendo que "a história realizada pelos marxistas é uma história estrutural e econômico-social e essencialmente política" *** Talvez sem terem noção do prejuízo que estavam tendo quando assumiram essa posição, agiam desta maneira.
A visão dos fundadores da escola dos Annales possibilita a inclusão de vários assuntos, de forma abrangente. Bloch e Febvre deixam de ter uma visão horizontal da escrita da história e dos fatos e passam a vê-la e analisá-la, o que lhes permitem entender que a historia não deveria se resumir somente as questões relacionadas a política e matérias sócio-econômicas, mas sim as demais situações que envolviam todo sistema social. O que vai permitir isso é uma interdisciplinaridade que acontece entre os membros dos Annales e demais profissionais de diferentes ciências como a sociologia e a antropologia. Talvez a antropologia seja a coluna, não desprezando a sociologia, que vai a fundo no estudo do ser humano, de suas ações, comportamento e organização e "etnologicamente falando o termo Antropologia (anthropos = homem; logos - estudo) significa o estudo do homem" (MARCONI e PRESOTTO, 1998:23), possibilitando o entendimento do dinamismo humano e suas característica. MARCONI e PRESOTTO falam que "o individuo não é visto como um simples receptor e portador de cultura, mas como um agente de mudança cultural desempenhando papel dinâmico e inovador" (MARCONI e PRESOTTO 1998:29). A partir daí, poderíamos tentar entender a visão de Bloch e Febvre, na qual o ser humano é visto como dinâmico, que provoca mudanças e é inovador. A partir de então, com esta relação com outras ciências, é que começa a despontar a possibilidade da mulher ser inserida no campo da história e é somente a partir da 3ª geração que isto acontece como já foi mencionado anteriormente.
De acordo com os textos discutidos podemos concluir que a Escola dos Annales teve grande importância na construção da historiografia, pois durante seu período ocorreram várias mudanças na ideologia, na cultura e nos intelectuais, criando uma nova forma de ver e fazer história. Também foi fundamental para que as mulheres entrassem de vez na historiografia, uma vez que sempre foram exclusas simplesmente por não terem espaço para desempenhar um papel considerado relevante pela sociedade daquele período, e até então só os "homens" faziam a história.

ESCOLA DOS ANNALES: A INTRODUÇÃO DA “MULHER” NA HISTORIOGRAFIA (2º Tópico)



*     2ª Tópico: A TERCEIRA GERAÇÃO E A INCLUSÃO DA MULHER NA HISTORIOGRAFIA
Por: Eliazar Lopes Damasceno¹ Eliseu dos Santos Lima²

A partir da segunda metade do século XX o surgimento de uma terceira geração da escola dos Annales se torna inevitável. Com a participação de jovens na sua administração ocorreram muitas mudanças intelectuais, e em decorrência disso tornou-se difícil traçar um perfil dessa terceira geração. Vários membros que compunham esse grupo levaram a frente o projeto de Febvre, expandindo a fronteiras da história, incorporando a infância, o sonho, o corpo, e até mesmo o odor. Uns queriam o retorno da história política e dos eventos, alguns continuaram a praticar a história quantitativa ao mesmo tempo em que outros a criticavam. O que podemos perceber é que nesse período havia vários conflitos e projetos historiográficos dentro de um mesmo grupo. Também foi na terceira geração que ocorreu a inclusão da mulher na historiografia dos Annales, e uma mulher recém incorporada, e que merece destaque é Cristiane Klapisch, que segundo Burke fez um bom trabalho sobre a história da toscana durante a Idade Média e o Renascimento, além desta, outras mulheres também merecem destaque como é o caso de Mona Ozout, que fez um estudo sobre os festivais durante a Revolução Francesa; Arlete Farge, que estudou o mundo social das ruas da Paris no século XVIII; Michele Perrot, que escreveu sobre a história do trabalho e a história da mulher.
Burke trata em sua obra sobre a forma em que a mulher era tratada antes desta terceira geração e como ela foi incorporada a partir de então:
"os historiadores anteriores dos Annales haviam sido criticados pelas feministas por deixarem a mulher fora da história, ou mais exatamente, por terem perdido a oportunidade de incorporá-la à história de maneira mais integral, já que haviam obviamente mencionado as mulheres de tempo em tempo." (BURKE, 1992, p. 56)
Com essa afirmativa podemos perceber que até a terceira geração dos Annales, as mulheres não tiveram participação com significância na historiografia. Além da incorporação feminina esta geração ficou mais aberta à idéias vindas do exterior, Reis afirma que "os Annales, apesar de sua vivacidade, nunca construíram uma escola no sentido estrito, isto é um modelo de pensamento fechado em si mesmo (REIS, 2000), além das novas abordagens que ainda estão sendo exploradas por historiadores, mas como nosso interesse é a inclusão da mulher na história, não faremos um maior aprofundamento sobre esses assuntos.
Tentando compreender e explicar a trajetória feminina na historiografia a partir da terceira geração da Escola dos Annales, percebemos que a história das mulheres não fica restrita a França, sede desta escola, ela se estende a países como a Grã-Betanha, Estados Unidos, Olanda, Itália, dentre outros que também tiveram nomes de significância para a historiografia. No final do século XIX, com a história positivista voltada para as questões políticas e pelo domínio publico, o foco estava centrado nas questões administrativas, políticas e militares, lugares estes onde a mulher não estava inserida ou não tinha participação significante, daí é um pressuposto de seu esquecimento, a não participação nos movimentos historiográficos desta época. A Escola dos Annales tenta mudar isso e construir uma história dos seres vivos, concreta e a trama do seu cotidiano. Foram estes fatores junto com o desenvolvimento de novos campos como a história das mentalidades e a história cultural que contribuíram para a incorporação das mulheres à historiografia. Os movimentos feministas que começaram na década de 60 nos Estados Unidos, assim como em outros países, tiveram grande contribuição para o surgimento da história das mulheres. Esses movimentos reivindicavam direitos e participações em setores da sociedade, isso levou a várias discussões em universidades, que se viram obrigadas a criarem cursos e grupos de reflexão sobre o assunto.
Para entendermos melhor o porquê da dificuldade em se fazer uma história das mulheres, Cardoso e Vainfas afirmam que "a escassez de vestígios acerca do passado das mulheres, produzidos por elas próprias constitui-se num dos grandes problemas enfrentados pelos historiadores." (CARDOSO E VAINFAS, p 195). Desta forma podemos perceber algumas das barreiras que os historiadores encontram quando tentam fazer uma trajetória da mulher. Numa tentativa de ampliar as fontes de pesquisa, Michelle Perrot afirma que os arquivos particulares como os diários, fotos e anotações são mais generosos em informações, e que tem um maior teor de conteúdos para construção de uma história mais completa sobre as mulheres.